Ser catequista
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20/03/2019 Therezinha Motta Lima da Cruz Ser catequista Uma vida inteira de aprendizado
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Minha neta, com 12 anos, começou a aprender filosofia na escola. Um dia chegou aborrecida porque achou que a professora não estava nem sabendo o que dizer. Ela havia falado sobre um filósofo famoso, um tal de Heráclito, e tinha destacado uma frase dele que a menina achou absurda: “Não podemos nos banhar duas vezes no mesmo rio”. Minha neta protestava, dizendo: Claro que eu posso tomar banho no rio quantas vezes eu quiser! Então tivemos uma conversa comprida em que fui explicando a ela o que o filósofo quis dizer: o exemplo do rio servia para ilustrar a idéia de que não podemos viver duas vezes a mesma experiência; se voltarmos ao rio no dia seguinte a água já não é a mesma e nós seremos pessoas um pouco diferentes porque a cada dia vivemos novas experiências, aprendemos novas coisas... Se vemos um filme duas vezes, na segunda vez o filme não será exatamente o mesmo porque perceberemos nele alguns detalhes a mais... E aí ela achou a idéia do Heráclito bem interessante.          

Um filósofo religioso do nosso tempo, D. Helder Câmara, no seu livro “Mil razões para viver”, fala de um outro jeito sobre uma vida de mudanças, crescimentos necessários para que cada um de nós se desenvolva e viva a cada dia experiências mais profundas. Ele escreveu: 

ULTRAPASSA-TE A TI MESMO

A cada dia, a cada instante...

Não por vaidade,

Mas para corresponderes

À obrigação sagrada de contribuir

Sempre mais e sempre melhor

Para a construção do Mundo...           

Isso me faz pensar no que chamamos de catequese permanente. Usamos esse termo geralmente pensando nos catequizandos, que devem continuar aprendendo, crescendo no seu envolvimento com a Igreja, no seu entendimento da presença de Deus em sua vida e no seu compromisso cristão.           

Mas penso então nos catequistas, que nunca podem dizer que estão “diplomados” e totalmente capacitados para o seu trabalho eclesial. Aprender, para qualquer pessoa, em qualquer campo, nunca deve ser um processo encerrado. Também a catequese, que tem a ver com os mistérios de Deus e a vida das pessoas, é tarefa para uma vida inteira de aprendizado.            

Os campos de aprendizagem aí são amplos e variados. A Bíblia, por exemplo, é um livro que sempre teremos que conhecer melhor, tanto para entender a mensagem que Deus ali quis comunicar, como para orar com mais intimidade e sabedoria. E a leitura vai se tornando diferente à medida que nossas experiências de vida se modificam, porque tudo que a Sagrada Escritura nos diz tem a ver com o que Deus quer nos dizer em cada situação.          

A Igreja também nos fornece sempre mais convites à reflexão com os documentos pastorais que precisamos conhecer bem porque temos que ser fiéis à nossa identidade católica e apresentar um rosto autêntico da Igreja para os nossos catequizandos.            

Outro setor de aprendizagem é a pedagogia necessária para comunicar a mensagem de forma atraente, correta e acessível ao nível de interesse e de compreensão de cada grupo. Sempre teremos novas coisas a aprender aí, estudando, trocando idéias com outros catequistas e experimentando novas atividades e metodologias, avaliando e modificando o que pode ser melhorado.           

Conhecer os catequizandos é um outro caminho que nos vai fazer crescer, entendendo melhor as pessoas e a vida. Muitas vezes até a inocência das crianças nos apresenta perguntas instigantes e acaba nos ensinando a ver o mundo de uma forma  mais interessante. Para quem ensina, as perguntas de quem está aprendendo podem ser provocações que nos levam a perceber outras interpretações, a reformular o nosso modo de apresentar conceitos e, no caso da evangelização, a ter mesmo conversas especiais com Deus.           

Mas também temos que aprender fora do terreno chamado de “religioso”. Para interligar catequese e vida, vamos ler jornal, refletir sobre mensagens apresentadas no cinema, no trabalho de poetas, compositores, cartunistas e nas conversas que temos com tanta gente que nos cerca. Parábolas e citações captadas na literatura secular podem ajudar a tornar mais comunicativo o nosso trabalho. Vale a pena colecioná-las, registrar cenas de filmes (e da vida) que nos comunicaram algo interessante que depois pode enriquecer nossa conversa catequética.      

Resumindo: uma das vantagens de ser catequista é essa percepção da necessidade de aprender sempre em campos tão variados. Assim, nossa catequese fica mais eficiente e nossa vida mais interessante.         

Que processos de aprendizagem você costuma usar? Que materiais têm ampliado sua capacidade de catequizar, de entender a vida e de se encantar cada vez mais com Deus?

Therezinha Motta Lima da Cruz

 

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