Ser catequista
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13/02/2019 Therezinha Motta Lima da Cruz Ser catequista Ser catequista é valorizar a ajuda aos necessitados
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Therezinha Motta Lima da Cruz

A principal missão do catequista é levar a um encontro profundo com Jesus. Cada catequizando deve ser convidado a se imaginar caminhando com Jesus e seus apóstolos, vendo o que ele fazia em cada situação, sentindo-se parte dessa história. Para isso, é de muita utilidade trabalhar os Evangelhos como leitura orante. Vamos ver então como Jesus sentia a necessidade de atender a quem estava desamparado, sofrendo, sendo excluído. Várias situações retratadas na Bíblia ajudam a perceber isso. Podemos lembrar, por exemplo:

- as curas que ele fazia, devolvendo o doente excluído a uma vida normal; 

- a ressurreição do filho da viúva de Naim – Lc 7,11-15 (Como uma viúva sem filho iria se sustentar na sociedade daquele tempo?)

- a atenção dada à mulher com hemorragia (que por isso era considerada impura)  que o tocou no meio da multidão (Lc  8,43-48)

- a parábola do bom samaritano

- a recomendação de convidar pobres , aleijados, coxos, cegos quando se der um banquete (Lc 14,13)

-  considerar-se servido quando atendemos aos que têm fome, sede, que precisam de abrigo, roupas, visitas (E Jesus diz: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes! – Mt 25,40)

- ao conhecer Jesus, Zaqueu, além de se comprometer a indenizar quem ele havia prejudicado, sente necessidade de dar metade de seus bens aos pobres (Lc 19,1-10)

Se conseguimos nos imaginar como parte desses episódios, vamos perceber o que Jesus espera que façamos, como Igreja, em nossa realidade de hoje. E isso nem era novidade. Mesmo antes de Jesus, vários profetas censuraram pessoas que ofereciam culto a Deus mas eram injustas com os necessitados. Isaías, por exemplo, pergunta  qual seria o tipo de “jejum” que Deus prefere: Não será repartir tua comida com quem tem fome? (Is 58,7).  Miquéias resume assim o que Deus quer receber como oferta: “Já te foi indicado, ó homem, o que é bom, o que o Senhor exige de ti. É só praticar a justiça, amar a misericórdia e viver humildemente com o teu Deus.” (Mq 6,8).  E ao longo do Antigo Testamento três figuras representam os necessitados que Deus quer que seu povo saiba acolher e socorrer: o órfão, o migrante e a viúva (que, naquela cultura, não tinham como garantir seu sustento).

Mas não basta falar dessas coisas e citar textos bíblicos. É preciso agir. O primeiro que vai se sentir mobilizado por essa espiritualidade bíblica que convida a ir ao encontro dos necessitados é o próprio catequista. A catequese deve levar catequistas e catequizandos a conhecer e colaborar com as pastorais sociais nas quais sua comunidade se envolve. Não se trata simplesmente de dar esmolas (isso seria algo muito provisório). A mais importante ajuda que podemos dar a alguém é capacitá-lo a não precisar mais disso. Lembro de um trabalho que fiz durante quatro anos numa favela do Rio de Janeiro. Estava indo lá para fazer catequese de perseverança com um grupo de doze adolescentes que já haviam feito a Primeira Comunhão. Quando cheguei vi que o grande problema deles era falta de auto estima, todos eles se consideravam fracassados, incapazes. Tinham sido reprovados na escola e não acreditavam que poderiam melhorar. Vendo isso, modifiquei meu planejamento e convidei-os para fazerem teatro. Montaram uma peça, ensaiaram muito e foram bem aplaudidos na comunidade, e depois criaram outras. A seguir, um amigo meu, que era médico, preparou-os para serem agentes de saúde no meio daqueles barracos. Eles começaram a ser valorizados, respeitados e se sentiram capazes de fazer coisas importantes. Anos depois, encontrei com um deles, que se tornara amigo de meu filho, e ele me disse que todos tinham saído da favela e agora tinham uma vida melhor.

É importante ouvir as carências dos próprios catequizandos, para poder atender a cada um do jeito que for mais motivador e adequado. Outra proposta importante é convidá-los a conhecer as atividades da pastoral social, percebendo o que Jesus está nos pedindo diante das realidades injustas da nossa sociedade. É bom lembrar que o segundo grande mandamento é  amar ao próximo “como a si mesmo”. Então, cada um precisa de auto estima, que não é vaidade nem arrogância, mas é a confiança na sua capacidade de fazer algo melhor neste mundo. O próprio catequista precisa dessa auto estima porque quem não acredita na sua capacidade de ter sucesso já está derrotado antes de começar.

Diante disso, a catequese se torna uma aventura muito emocionante. Estaremos melhorando o mundo que nos cerca e preparando outros para irem fazendo isso pela vida afora. É claro que não faremos isso sozinhos. Mas Jesus está conosco, vai nos inspirar, nos sustentar e nos fazer crescer na fraternidade.  

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