Ser catequista
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02/05/2019 Therezinha Motta Lima da Cruz Ser catequista Colecionando recursos do mundo à nossa volta
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Ouvimos falar muito em “interação entre fé e vida”, uma orientação importante em documentos da nossa Igreja. As Campanhas da Fraternidade, a cada ano, fazem uma forte ligação entre o que nos vem da Bíblia e o que lemos no jornal e percebemos na realidade do país, através do conhecido processo VER (observar a e analisar o que acontece), JULGAR (confrontar o que percebemos no mundo com o que Deus nos pede) e AGIR (assumir compromissos para mudar o que não combina com o Reino anunciado por Jesus).         

Isso exige que estejamos ligados a recursos que nem sempre são considerados como “material religioso”. Mas, se tivermos bastante familiaridade com a mensagem da fé, vamos ligá-la ao que, no ambiente secular, nos faz pensar no que aprendemos ao seguir Jesus. Por exemplo: o jornal de Brasília publica sempre algumas anedotas. Recentemente uma delas era assim: O marido , zangado, comunica à esposa: _ Essa empregada que você contratou é desonesta, horrível. Ela roubou dois dos nossos lençóis! A mulher perguntou: _Que lençóis ela levou? E ele explicou: _ Foram justamente aqueles bem bonitos que nós escondemos na mala e trouxemos daquele hotel onde passamos as férias...  Quem estiver bem acostumado a ligar fé e vida, ao ler essa piada vai lembrar de uma frase famosa de Jesus (Mt 7,3: Por que você repara no cisco que está no olho de seu irmão e não vê a trave que está no seu?)  e vai perceber aí um exemplo a ser usado na reflexão sobre nossa facilidade em julgar os erros alheios e ignorar os nossos...           

Esse tipo de material vem de muitas fontes. No desenho animado do Rei Leão, os animais se unem e cantam uma música com o refrão: “Somos mais do que mil, somos um!” Não estaria aí um convite para refletir com os catequizandos sobre a força maior de uma comunidade onde todos estejam unidos, trabalhando juntos como companheiros? E de novo poderíamos lembrar a prece de Jesus em Jo 17,21, onde ele ora para que seus seguidores sejam um, porque assim conseguirão que o mundo creia no que comunicam...         

Histórias infantis tradicionais podem trazer mensagens importantes também. Pensemos no Pinóquio, que só se dava bem quando ouvia a sua “consciência” (o grilo falante), que lhe fora dada como proteção contra más decisões; ele só se tornou um “menino de verdade” quando desistiu da ilha dos prazeres e arriscou sua vida para estar com Gepeto. E nós, como ouvimos nossa consciência?            

Podemos usar versinhos feitos para crianças cantarem, num estilo assim:

A hora de ser feliz é agora

O lugar de ser feliz é aqui

E a maneira de ser feliz

É fazer alguém feliz

Construindo um ceuzinho aqui"   

E aí iríamos conversar sobre a importância de aproveitar cada momento para fazer o bem, sobre a alegria que vem de fazer outros felizes, deixando nosso mundo um pouquinho mais parecido com o céu. E juntos poderíamos combinar maneiras de fazer isso...       

Filósofos e figuras históricas nos deixaram frases que podem estimular muito a reflexão sobre a melhor maneira de viver. Um dia, num retiro sobre fraternidade e solidariedade, distribuímos cartões com frases assim, junto com citações bíblicas, para inspirar conversas em duplas, ligando as idéias das pessoas citadas com o que Deus espera de nós:

     Temos que aprender a viver juntos como irmãos ou pereceremos todos juntos como loucos. (Martin Luther King)

      A segurança só para alguns é, de fato, insegurança para todos. (Nelson Mandela)

      Difícil é compreender como no vasto mundo falta espaço precisamente para os pequenos. (Carlos Drumond de Andrade)

      Precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo. (Gandhi)

      A verdadeira riqueza de um homem resume-se naquilo que ele faz pelos outros. (Confúcio)       

Outros recursos que podem trazer mensagens interessantes são, entre muitos outros, canções, poesias, experiências que alguém nos conta ou que nós mesmos vivenciamos, parábolas e provérbios populares, reportagens, literatura de vários tipos, histórias em quadrinho... Mas nada disso vai cair de repente no nosso colo. Tudo que nos faz pensar em um modo melhor de viver precisa antes ser buscado e depois registrado. Para guardar tudo isso podemos usar uma pasta, um caderno, um arquivo de computador... e consultar regularmente esse material. Aí fica fácil lembrar dessas coisas no dia a dia, seja para refletir sobre o que acontece à nossa volta, seja para quando estivermos planejando o trabalho catequético. Tudo precisa também ser iluminado por nossa experiência religiosa, integrado à mensagem do Reino de Deus. Se fizermos isso regularmente, vamos também perceber que estamos ficando mais atentos diante do que vemos, lemos, conversamos, experimentamos na vida de cada dia. Vamos desenvolver em nós e estimular em outros uma espiritualidade de estilo sapiencial, que vai sempre ligar fé e vida. E. além disso, vamos olhar o mundo de uma forma bem interessante e deixar Deus falar conosco em tudo que vivemos, percebemos e aprendemos, dentro e fora da igreja. Seria uma espécie de leitura orante da vida.              

Como tudo isso enriqueceria a nossa catequese e a nossa maneira de ver o mundo e as pessoas? E não seria bom de vez em quando ter encontros em que os próprios catequistas partilhariam esse tipo de recursos? Que tipo de profundidade na leitura bíblica precisamos desenvolver para olhar o que nos cerca pensando no que Deus está sempre nos dizendo?    

Therezinha Motta Lima da Cruz

02.05.2019     

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