Ser catequista
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08/09/2018 Therezinha Motta Lima da Cruz Ser catequista Viver e dar a conhecer a Pastoral de Conjunto
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Therezinha Motta Lima da Cruz

VIVER E DAR A CONHECER A PASTORAL DE CONJUNTO        

As orientações do processo de Iniciação à Vida Cristã acentuam muito a presença da comunidade inteira na formação e no acolhimento dos catecúmenos.  Na verdade, se alguém vai ser “iniciado”, isso quer dizer que essa pessoa vai mergulhar numa realidade diferente, vai assumir uma nova identidade. Os iniciados não vão simplesmente freqüentar uma igreja, eles vão ser Igreja. Então não podem estar ligados apenas a um grupo de catequese porque o grande agente da catequese tem que ser a comunidade toda. Se os iniciados vão optar por ser Igreja precisam conhecer todas as dimensões do que isso significa.  Aí caberia lembrar a imagem da Igreja como um corpo, apresentada por Paulo na primeira carta aos Coríntios 12, 12-27. O corpo, como a Igreja, tem membros diferentes, cada um com tarefas e características próprias, mas todos unidos para dar ao corpo a identidade e a capacidade de ação que o definem.        

Também, quando alguém decide que realmente quer ser Igreja, isso acontece porque a pessoa gostou do ambiente em que isso lhe é proposto. Ninguém vai se encantar por um espaço onde não se sente acolhido. Por isso, o processo de Iniciação à Vida Cristã convoca a comunidade inteira a acolher os neófitos, conhecendo-os, acompanhando seu desenvolvimento e fazendo com que se sintam em casa no meio de toda a atividade paroquial. Se omitimos algum aspecto da vida e dos objetivos da Igreja estaremos apresentando uma imagem deturpada  do que ousamos chamar “corpo de Cristo”. Além de ser um erro pedagógico, seria também uma deformação da própria imagem de Jesus que precisamos dar a conhecer.       

Mas não é só a comunidade que tem que acolher oa catequese. A recíproca também é verdadeira. A catequese precisa estar ligada ao trabalho global da Igreja, o que nós chamamos Pastoral de Conjunto. Catequista que só se liga ao seu grupo estará despreparado para apresentar a fisionomia real da Igreja. A cooperação mútua de pastorais diversas dá mais força ao trabalho de evangelização e deixa o próprio catequista mais consciente do que significa ser Igreja.           

Poderíamos destacar então algumas dimensões da Pastoral de Conjunto que também precisam ser vividas pelos próprios catequistas, como parte do seu jeito de ser Igreja. Além da dimensão bíblico-catequética que, é claro, seria o campo específico do trabalho da catequese, outras dimensões precisam aparecer bem, tanto no trabalho do catequista como na sua vida cristã, na espiritualidade que o alimenta e que ele deve comunicar.           

Temos primeiro a própria dimensão comunitária. Ninguém deve ser Igreja de modo isolado, só no seu próprio grupinho. Um catequista precisa ter boas relações com os outros paroquianos, as famílias, os sacerdotes, os religiosos consagrados, os diversos colaboradores da vida paroquial. Afinal é a comunidade que tem que passar no teste do “vinde e vede” (o catequizando precisa ter vontade de “vir” e aí vai “ver” como é a convivência de todos e então, gostando do que vê, decide ficar, participar, ser Igreja também).          

A dimensão comunitária, portanto, é muito importante para o sucesso da dimensão missionária, que vai ao encontro dos que ainda não se ligaram a Jesus. Devemos lembrar uma frase bem motivadora: “a comunidade é missionária e a missão é para a comunhão”.  Ou seja: uma fortalece a outra. A catequese, em seus primeiros passos, está apoiada na dimensão missionária porque vai precisar evangelizar quem ainda não se definiu totalmente como membro da Igreja. Mas depois a atitude de comunhão é que vai sustentar os que, optando por seguir Jesus, aderiram à Igreja.

A dimensão litúrgica vai acompanhar todo esse processo. Celebrar é um meio poderoso de firmar nossa identidade. Celebramos porque valorizamos algo e, ao celebrar, essa valorização cria raízes e se amplia. Então, não se pode ter um catequista desligado da dimensão litúrgica.          

Uma dimensão que muitas vezes fica meio apagada é a dimensão ecumênica. Muitas vezes se faz catequese sem vivenciar isso, como se o ecumenismo fosse dispensável ou até perigoso para formar reais católicos. No entanto, não se deve dizer: “sou católico, mas sou ecumênico”. O que se precisa dizer, sentir e viver é: “sou católico e, por isso, sou ecumênico porque é isso que a minha Igreja está me  pedindo, isso faz parte da minha identidade católica”. Então, o catequista também precisa assumir essa espiritualidade para transmitir uma imagem não deformada da sua própria Igreja.           

Por fim, também muitíssimo importante, é a dimensão sócio transformadora. A Igreja não é indiferente às injustiças sofridas pelos filhos de Deus neste mundo. Ela toma posição e nos prepara para a luta pela justiça, tão apresentada pelos profetas e tão visível na vida de Jesus.            

Portanto, ser catequista é viver, assumir e comunicar todas as dimensões da vida pastoral da Igreja. Estamos fazendo isso? Cultivamos bons relacionamentos com os outros campos de ação da nossa Igreja? Ajudamos os catequizandos a ver o corpo inteiro da Igreja, sem deixar na sombra nenhuma parte?

Therezinha Motta Lima da Cruz

 

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