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08/04/2022 Denilson Mariano Temas atuais Querigma, mistagogia e sugestões práticas para a implementação da Iniciação à Vida Cristã
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Denilson Mariano

Depois da oração inicial e acolhida da parte de Pe. Janisson, Dom Peruzzo, iniciou retomando os primeiros versículos da Carta aos Filipenses, “Eu me lembro de vós com alegria. Deus é testemunha de que amo a todos com a mesma ternura de Jesus Cristo”. Salientou que depois de preso, distante dos irmãos de comunidade, tudo o que Paulo faz é precedido de paixão e ternura. Por isso, para falar de evangelização e pastoral é preciso afeto, relação pessoal, proximidade e fascínio. É preciso muito apreço pela pessoa de Jesus Cristo e pelas pessoas que “dirigimos”. É preciso fraternidade, paciência e singeleza. Incentivou para que sejamos perseverantes e que haja proximidade afetuosa e fraterna. Os argumentos vêm depois, o Ritual de iniciação cristã de adultos – RICA – nos mostra que as melhores experiências derivam da proximidade e afeto. Depois, passou às duas temáticas a serem tratadas: 

  1. Querigma e mistagogia na Iniciação à Vida Cristã

O Querígma foi tratado por Ir. Sueli da Cruz Pereira, de Vitória-ES. Primeiramente, ela apresentou o processo catecumenal em seus quatro tempos específicos: 1º O Tempo do Pré-catecumenato ou Primeiro anúncio, tempo de acolhimento na comunidade cristã, oportunidade para a primeira evangelização, com o rito de admissão dos candidatos ao catecumenato; 2º O Tempo do Catecumenato, que é o tempo mais longo. Trabalho catequético, reflexão, aprofundamento, experiência da vivência cristã, conversão, entrosamento com a comunidade; 3º O Tempo da Purificação e iluminação com a preparação próxima aos sacramentos, práticas quaresmais; 4º O Tempo da Mistagogia, aprofundamento e mergulho no mistério cristão, Páscoa, a vida nova do ressuscitado e a vivência na comunidade cristã.

A partir deste quadro geral passou à explicitação do que significa Querigma. Palavra que deriva do radical grego “keryx” indica: arauto, anunciador, pregador, aquele que anuncia um conteúdo, uma mensagem, uma boa notícia. Esse termo, no Novo Testamento, ganha um sentido mais específico a partir de duas missões especiais: a missão de Jesus Cristo, que é anunciar o Reino e a missão da Igreja que é anunciar Jesus Cristo. Os primeiros discípulos anunciam Jesus como enviado por Deus a serviço do Reino.

Em resumo, Querigma é ao ato de comunicar o nome de Jesus por parte de um apóstolo, mestre ou evangelizador, que comunica uma mensagem que se faz acontecimento de salvação pelo nome de Jesus em todo aquele que acolhe a fé (cf. 1Cor 13,3-5; At 2,14-39). Não se trata de uma mensagem apenas intelectual, mas uma mensagem experiencial, testemunhal, amorosa, que provoca também uma resposta vivencial e amorosa. O Querigma não é simples repetição de um fato, ou discurso, mas trata-se de tornar o Cristo vivo e presente na pessoa que anuncia, bem como na pessoa que escuta.

Por fim destacou que, no Documento de Aparecida, o “Querigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus. Sem o Querigma, os demais aspectos deste processo estão condenados à esterilidade [...] Só a partir do Querigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira (DAp 278).

A Mistagogia ficou a cargo do Pe Patrick Brandão. Ele iniciou sua reflexão buscando o sentido da palavra de origem grega: “myst+agagein” que indica guiar, introduzir, conduzir ao mistério. Neste sentido ilumina a expressão de Tertuliano: “os cristãos não nascem, se fazem”, no sentido de que há necessidade de ser introduzidos no mistério da fé, ainda mais diante dos grandes desafios trazidos pela cultura atual. “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá novo horizonte à vida” (Bento XVI).

Salientou que Jesus foi o primeiro e grande mistagogo de Deus: a palavra que se fez carne (Jo 1,14). Mistagogia é epifania, manifestação do mistério de Deus. Assim, por meio da liturgia nós entramos no mistério de Deus através dos ritos, símbolos e orações. Somos chamados a valorizar a linguagem verbal e não verbal; a participação do povo sacerdotal no rito; por meio da beleza, de equilibrada ritualidade; força evangelizadora da liturgia... Que envolve o corpo, o espaço (assembleia reunida) e o tempo litúrgico.

A iniciação mistagógica significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã (EG 163). O catequista é ao mesmo tempo testemunha da fé, mestre e mistagogo, aquele que acompanha, que instrui em nome da Igreja. Precisa cultivar a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade para desenvolver sua missão com coerência e responsabilidade (Cf AM n. 06).

Desafio é fazer com que nossas comunidades sejam comunidades mistagógicas, geradoras de “filhos e filhas de Deus” (cf. CNBB Doc. 97, n. 112), que saibam rezar, que saibam introduzir a todos no mistério de Cristo, na qual o presbítero não esteja acima da liturgia ou da comunidade, mas que com espírito de serviço, seja um mistagogo que conduza a todos ao mistério. 

  1. O caminho de implementação da IVC: sugestões práticas

Irmã Maria Aparecida Barboza iniciou salientando que a eficácia da IVC, sem esse encontro com os presbíteros deixaria a desejar. E depois passou a apresentar alguns passos para a implementação da IVC.

1º Passo: elaborar um projeto de IVC. Iniciando pelo processo de escuta, como está a catequese. 2º passo: formar uma equipe inter-religiosa, com uma pessoa responsável para cada etapa. Os leigos são articulados de acordo com as etapas. 3º passo: elaboração de um texto inicial a ser trabalhado com os presbíteros pois eles serão os implementadores do processo de IVC, depois estudo com as religiosas que tem catequese nas escolas, os ritos e toda a caminhada precisa ser na comunidade com a dimensão litúrgica e discipular da missão. 4º passo: estudo com diáconos, seminarista, catequistas e secretárias. Passar de uma catequese sacramental para uma catequese experiencial, mistagógica para promover o reavivamento da fé das comunidades paroquiais e reforçar a catequese como eixo de renovação da fé na vida eclesial. Formar catequizandos como discípulos de Jesus, com pertencimento à comunidade, a partir da leitura orante em harmonia com a liturgia. Empenho na catequese batismal. Integrar e ampliar o processo formativo da Eucaristia e Crisma, mistagogia permanente e preparar os presbíteros para esse processo.

Destacou ainda a importância da busca do consenso entre os presbíteros para a definição da idade das eleições para comunhão. O processo catecumenal foi definido para um período de 4 anos, 2 anos para Eucaristia e 2 anos para Crisma. Buscou-se um consenso também para o uso de uma bíblia comum; de uma identidade visual, de um hino unindo batismo, crisma, eucaristia e lembranças personalizadas. Por fim foi elaborado o texto base com todo o processo de IVC: os passos as serem dados, dicas para celebrações, para os ritos, indicações gerais e práticas... De fundamental importância são também as reuniões com equipes regionais, para implantação, formação de catequistas para esse estilo de IVC de inspiração catecumenal. Materiais, dicas e sugestões podem ser encontradas no Portal da Iniciação à Vida Cristã para a Renovação da Comunidade Paroquial

No final depois da contribuição e testemunho dado por Cláudio D’Angelo Castro na linha das sugestões práticas para a IVC, Dom Peruzzo retomou a palavra para reforçar que a IVC requer um novo querer, uma nova paixão, com testemunhos e experiências vividas e alegrias irradiadas. Pelo Brasil afora, lá onde os padres e párocos apoiam, as experiências se multiplicam, não tanto êxito, mas fidelidade, e quando se faz com zelo, o espírito derrama sua abundância sobre a comunidade. Deixem-se encantar por esse processo (de IVC). Para isso é preciso imersão. Que o Espírito Santo nos mantenha fieis e que não desanimemos diante das dificuldades, sigamos na genuína alegria de sermos evangelizadores/as.

O terceiro dia do Seminário será marcado por Experiências de implementação da IVC nas Dioceses.

Denilson  Mariano (In: Revista O Lutador) 07.04.22

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