Catequese e Ecumenismo
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29/08/2020 Therezinha Motta Lima da Cruz Catequese e Ecumenismo Pentecostes e a comunicação de Paulo com os gentios
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Os onze primeiros capítulos do Gênesis narram com linguagem simbólica histórias que não se referem só ao início da Criação mas que têm a ver com o que a humanidade sempre viveu e faz. O barro de que Adão foi feito representa nossa fragilidade. O paraíso do Éden é sinal do mundo que Deus quer que saibamos cultivar. Quando Deus pergunta a Caim onde está Abel, a resposta vem com uma declaração de indiferença:  “Não sei. Por acaso sou eu guarda de meu irmão?” Temos aí uma séria crítica a quem ainda hoje não vive com responsabilidade e amor fraterno a relação que devemos ter com os irmãos da grande família humana. E a torre de Babel, mais do que se referir apenas aos diferentes idiomas que hoje temos no mundo, mostra o problema de não sabermos nos comunicar com quem tem idéias, sentimentos e costumes diferentes.

Pensando nisso, podemos perceber o que acontece em Pentecostes como sinal de uma proposta para superar os desentendimentos simbolizados na história da torre de Babel. Pentecostes é um sinal da Igreja que agora vai se espalhar pelo mundo. Jesus já havia ressuscitado e fora elevado ao céu. Agora são os discípulos que têm que levar ao mundo sua mensagem e aí, como seria indispensável, destaca-se a presença do Espírito Santo, animador de toda tarefa missionária. Então vem um sinal que é exatamente o contrário de Babel: a mensagem é uma só, mas a Bíblia diz que “residiam em Jerusalém judeus devotos de todas as nações” e os discípulos, cheios do Espírito Santo, falavam línguas diversas e cada pessoa ouvia em sua própria língua o que eles estavam dizendo. O recado aí era importante: a mensagem é a mesma, mas vai ser anunciada a povos e pessoas de culturas diferentes e cada ouvinte precisa receber isso de um jeito que lhe seja familiar. Ou seja, vamos falar de Jesus com uma linguagem que aproxime, não afaste, os que ainda não o conhecem ou têm procurado Deus  por outros caminhos

Isso foi uma orientação básica porque agora os discípulos iriam além de sua cultura judaica e seus ouvintes precisavam se sentir “em casa” com a mensagem. Depois vamos ter Paulo que, tendo sido educado como judeu bem cumpridor das leis, no estilo dos fariseus (e que até no começo  perseguiu os cristãos), agora é chamado a ser “apóstolo dos gentios”, viajando ao encontro de povos bem diferentes. Isso nos mostra um panorama inspirador: a mensagem é a mesma, a pessoa de Jesus é o centro indispensável do anúncio, mas a cada um essa Boa Nova precisa ser apresentada a partir da presença de Deus que já existe no seu coração.

E Paulo, indo ao encontro de gente com religiões diferentes, soube descobrir os lampejos da presença de Deus que já estava oculta no coração de cada cultura. Isso é apresentado de forma interessante na pregação que ele faz aos atenienses, narrada em Atos 18, 22-34. Paulo entra no Areópago, centro religioso dos gregos, e começa a falar do “deus desconhecido”, inscrição que vira num dos altares deles. A partir dessa idéia ele anuncia o Deus que fez o mundo, que alguns buscam às apalpadelas e que não está longe de cada um de nós.

Esse modo de falar de Deus pode nos levar a dois resultados positivos:

- ensina os cristãos a tratar com respeito os sentimentos religiosos de outros

- ajuda os cristãos e não cristãos na descoberta do que Deus já colocou no coração dos que ainda não conhecem Jesus.

São duas coisas que ajudam tanto no diálogo como em nosso trabalho missionário, além de criar um clima de paz que pode favorecer nossa parceria na ação conjunta por um mundo melhor.

A catequese mostra Deus como Criador e Pai de todos. Embora esse Pai tenha se revelado plenamente em Jesus, até no coração dos que não o conhecem pode haver sinais dessa presença amorosa que quer o bem de todos. Apresentar Jesus é completar a esperança a que todos têm direito; reconhecer as coisas boas que outros fazem seguindo a sua consciência é um começo mais convincente do caminho para que esse anúncio seja bem compreendido e produza um diálogo construtivo.

E hoje, na catequese, como anda nosso diálogo com as novas gerações? Como preparamos os catequizandos para anunciar Jesus como fonte de esperança na construção de um mundo melhor para todos?

Therezinha Motta Lima da Cruz

julho/2020

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