Catequese e Ecumenismo
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29/08/2020 Therezinha Motta Lima da Cruz Catequese e Ecumenismo O que é e o que não é Ecumenismo
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Nossa Igreja diz que ecumenismo não é um “apêndice”, é parte integrante da nossa pastoral. O trabalho da CNBB inclui várias dimensões, como por exemplo: vocacional, missionária, bíblico-catequética, litúrgica, ecumênica, social... São campos interligados em nossa tarefa evangelizadora. A catequese está na base de tudo isso porque é ela que vai dar a formação necessária para agir em cada área. Sem uma boa catequese teremos falhas graves em quaisquer desses campos.

Quando tratamos de ecumenismo, temos necessidade de explicar bem o que a Igreja nos pede aí. Primeiro é preciso entender que ser ecumênico não deve fazer ninguém se sentir “menos católico” já que aí estaremos fazendo exatamente o que a Igreja quer. Mas é preciso também entender o que é e o que não é esse tal de ecumenismo. Trata-se de diálogo com outras Igrejas e comunidades cristãs que vivem com respeitável seriedade sua adesão adesão a Jesus.

O ecumenismo que a nossa Igreja espera de nós é, entre outras coisas:

- dialogar com tradições diferentes da mesma religião cristã, com respeito e postura fraterna

- buscar a unidade na diversidade, alicerçada em sermos todos seguidores de Jesus

- reconhecer e respeitar a diversidade no modo de ser das várias Igrejas, sem com isso enfraquecer nossa identidade católica

- destacar o essencial da nossa fé em Jesus, o que ele viveu e anunciou, o que ele espera de seus seguidores em geral

- reconhecer a ação do Espírito Santo, que sopra onde quer

- trabalhar unidos, quando for possível, na construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno

- criar laços de amizade que favorecem o diálogo, permitem mútuo aprendizado no essencial e ajudam a superar as feridas da separação

Temos quatro campos em que somos chamados a crescer no ecumenismo:

- nas relações fraternas da vida: sabendo lidar com amigos , parentes e vizinhos de outras Igrejas

- na ação conjunta a serviço do bem: participando juntos de ações de socorro aos necessitados

- na oração que podemos fazer juntos: além de possíveis encontros ocasionais, temos até ocasiões especiais para isso como, por exemplo: Natal, Dia de Ação de Graças, Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, datas especiais a serem comemoradas com celebrações ecumênicas em locais onde há pluralidade de denominações cristãs...

- na reflexão sobre a Palavra de Deus: pessoas bem preparadas em várias Igrejas, capazes de ler a Bíblia sem fundamentalismos que deturpam a mensagem, podem aprofundar de modo interessante nossa compreensão da Escritura. Refletindo juntos vamos criando boas relações e até vamos aprender a reconhecer as diferenças sem que se transformem em motivo de separação.

É importante perceber por outro lado que o ecumenismo não é:

- misturar Igrejas ou religiões como se fosse tudo a mesma coisa

- disfarce para uma Igreja dominar a outra ou para afastar pessoas de sua Igreja trazendo-as para a nossa

- fingir que não existem diferenças

- desvalorizar as normas da nossa Igreja

- abandonar o espírito crítico quando algo está errado ou quando uma Igreja usa o nome de

 Deus de modo desonesto

- relação com qualquer tipo de novos movimentos religiosos que são sejam exatamente cristãos

Temos também uma diferença entre ecumenismo (relação entre Igrejas cristãs diversas) e diálogo inter religioso (com pessoas de religiões diferentes de tradições sérias). Nossos papas mais recentes tiveram encontros com líderes de várias religiões (budistas, muçulmanos, judeus e outros) e aí se trataram com respeito tentando reconhecer o que há de bom em cada grupo.  Nada disso invalida nossa  compreensão do cristianismo como a mais plena comunicação de Deus e sinal potente de um amor salvador que é a mensagem mais importante para dar sentido e salvação à nossa vida. O próximo que precisamos amar e socorrer não é só o que tem semelhança conosco, é aquele que precisa de ajuda, de ser ouvido e valorizado pelo que tiver de bom.  

Nesse campo seria bom lembrar que o judaísmo está na raiz da nossa fé. Jesus, Maria, José, os apóstolos nasceram judeus e fazem parte de uma história que se completou no cristianismo. Não vamos “misturar” simplesmente as duas religiões mas precisamos ter respeito pelo que herdamos dos judeus. Isso é particularmente importante na catequese, onde vamos falar muito desse povo que Deus escolheu. Às vezes temos que mencionar judeus que se opuseram a Jesus e até pediram aos romanos sua morte. Mas é importante mostrar que aí se trata de “alguns (mesmo que tenham sido muitos)” judeus, não de um julgamento global sobre esse povo. Por exemplo: em Jo 20,19-23 se fala de discípulos, após a ressurreição de Cristo, que estavam reunidos com as portas fechadas por medo dos judeus.  Então será bom lembrar que esses que estavam trancados com medo dos judeus também eram judeus...

Essa capacidade de diálogo é um aspecto importante da nossa identidade católica. E a catequese é um espaço privilegiado para cultivar uma espiritualidade que combine com o que a nossa Igreja nos pede, respeitando o outro sem deixar de lado a alegria de termos  recebido em Jesus a revelação mais completa.

            Percebemos como tudo isso ajuda a criar uma sociedade com mais paz, fraternidade e resprito mútuo?

Therezinha Motta Lima da Cruz

julho/2020

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