Diretório para a Catequese
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17/11/2021 Therezinha Motta Lima da Cruz Diretório para a Catequese Catequese, ciência, cultura digital e Ecologia
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Em nosso mundo moderno é importante ter uma catequese com um anúncio que seja bem fiel à Palavra de Deus e saiba lidar com as descobertas científicas, vendo nelas até novos motivos para perceber a sabedoria do Criador. Já tivemos muitos desencontros entre ciência e fé, muitas vezes por causa de uma interpretação fundamentalista da Bíblia, que hoje nossos documentos rejeitam energicamente. Essa rejeição aparece especialmente no texto “A Interpretação da Bíblia na Igreja’’, da Pontifícia Comissão Bíblica, que todo catequista deveria conhecer. O novo Diretório nos diz: “Os aparentes conflitos entre o  conhecimento científico e alguns dos ensinamentos da Igreja devem ser esclarecidos no processo de exegese bíblica e da reflexão reológica, interpretando a Revelação”.  Uma das exigências mais importantes de uma boa formação dos catequistas é, portanto, uma correta compreensão dos gêneros literários usados na Bíblia, para que não se tome ao pé da letra o que é simbólico e se perceba como as afirmações desse livro tão fundamental precisam ser interpretadas a partir da situação histórica e cultural em que foram escritas. Ao tratar dos 11 primeiros capítulos do Gênesis, por exemplo, os catequistas precisam estar bem preparados para perceber que ali o importante é a mensagem que aquelas narrativas simbólicas trazem para a nossa vida de hoje, sem ficar se opondo ao que a ciência nos diz, porque o objetivo dos textos não era dar aula de antropologia.

Hoje temos uma sociedade diferente, marcada  pela cultura digital, que tem um lado positivo (facilita o armazenamento de dados, as pesquisas) e um outro negativo (pode virar um vício,  isolar pessoas, espalhar dados falsos). O Diretório diz então: ‘A catequese , que não pode simplesmente digitalizar-se, certamente precisa conhecer o poder do meio e utilizar todo o seu potencial e sua positividade, com a consciência, porém, de que não se faz catequese utilizando somente ferramentas digitais, mas oferecendo espaços de experiências de fé.” (371)   Os meios digitais, então, são instrumentos que podem ser úteis em algumas situações, mas não vão substituir a essencial experiência de convívio com Deus e com os irmãos.

Um outro ponto importante que o Diretório aborda é a chamada “bioética”, a postura de defesa amorosa da vida. Deus criou a vida e “viu que era boa”, é uma bênção para a humanidade e como tal deve ser protegida, bem cuidada, valorizada. Uma boa catequese ajuda a valorizar a vida humana em todas as suas circunstâncias. O Diretório lembra que “cada pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus, é única e tem uma dignidade intrínceca e inalienável’” (397)  

Se queremos mostrar de fato nosso amor a Deus temos que valorizar as obras da sua Criação. Isso se manifesta no nosso modo de  considerar as pessoas como algo valioso, que não é para ser estragado, abandonado ou ignorado. Então como poderíamos ser indiferentes diante dos que passam fome, sofrem injustiças e estão vulneráveis neste nosso mundo? Mesmo diante dos que erram, temos que rejeitar o pecado sem desprezar o pecador. Podemos lembrar que Jesus acolheu até o ladrão na cruz e sempre disse que, como médico, vinha para os doentes, os necessitados de cura. Diante de situações de pecado deveríamos estimular atitudes de conversão. As pessoas melhoram quando têm esperança, percebendo que têm valor e existe saída para seus erros.

O Diretório também chama a atenção para o nosso compromisso com a ecologia e diz: “Uma catequese sensível à salvaguarda da criação promove uma cultura de atenção tanto ao meio ambiente quanto às pessoas que nele vivem.” Se amamos a Deus temos que valorizar tudo que Ele nos deu: a natureza, o planeta inteiro, as pessoas... Como se vê na história de Adão e Eva, o ser humano foi colocado para cuidar do mundo como quem cuida de um jardim. Permitir que esse jardim seja poluído, tornando-se um lugar inadequado e perigoso para a vida, além de ser um sinal de imensa falta de inteligência, é um ato de profunda ingratidão diante da generosa oferta da Criação que Deus nos entregou.

No final, o Diretório pede que a formação dos catequistas corresponda a três dimensões: ser  (viver realmente como Jesus nos pede), saber ser com (conviver com amorosa fraternidade na família humana) e saber fazer (ter uma formação pedagógica que dê conta dos objetivos da evangelização). Como estamos trabalhando essas dimensões? Percebemos como isso não serve apenas para sermos bons catequistas mas nos daria uma experiência de vida muito mais gratificante? 

Therezinha Motta Lima da Cruz

Ex-assessora nacional da catequese, escritora, catequéta.

Imagem: pexels.com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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