A Igreja do Brasil tem profícua caminhada catequética e já realizou grandes eventos de reflexão nesse âmbito com a preocupação de tornar essa ação evangelizadora mais eficaz nas nossas dioceses. A 4ª Semana Brasileira de Catequese, realizada em novembro de 2018, refletiu o tema “A serviço da iniciação à vida cristã”, aprofundando, assim, o tema da 3ª Semana, de 2009. O objetivo principal da reflexão é fomentar a prática concreta da catequese a serviço da iniciação à vida cristã, que seja capaz de formar o discípulo missionário para a vivência da fé em comunidade.

Nossa sociedade contemporânea é marcada por profundas mudanças sociais e culturais que alteraram o modo de vida das pessoas, sobretudo, no tocante à vivência dos valores cristãos. Não há mais o ambiente de cristandade que vigorou durante muito tempo, em que se acreditava que a transmissão da fé e da prática cristã acontecia no âmbito familiar e no contexto social. Na atual sociedade secularizada de cultura globalizada e laicizante, a Igreja se vê desafiada a encontrar novos métodos e expressões para realizar sua missão evangelizadora e catequética. Daí a importância do retorno às tradições catequéticas da Antiguidade, o catecumenato, método bastante eficaz no contexto eclesial daquela época. Na atual realidade, não podemos mais pressupor a fé das pessoas, como em tempos não muito longínquos, mas realizar o primeiro anúncio, propondo caminhos que iniciem os novos convertidos na comunidade de fé. A necessidade de formar discípulos missionários passa pelo processo iniciático que propicia o encontro pessoal com o ressuscitado, por meio de sua Palavra e dos sacramentos.

A iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal é uma tarefa confiada à comunidade eclesial, que é o sujeito indispensável nessa missão. A catequese, como qualquer segmento pastoral evangelizador, também está a serviço desse processo de iniciação, além de ter a responsabilidade de animar toda a comunidade em vista desse método eficaz de introduzir novos cristãos na fé. A ação catequética, de acordo com o Diretório Geral para a Catequese (n. 65), “é elemento fundamental de iniciação cristã e é estreitamente ligada com os sacramentos de iniciação, de modo particular com o Batismo, ‘sacramento da fé’”.

Por estar a serviço da iniciação à vida cristã, a catequese deve assumir duas características fundamentais: querigmática e mistagógica. Seu ponto de partida é o querigma, que consiste na apresentação da Boa Nova, baseada na pregação dos apóstolos, cujo objetivo é propiciar o encontro com o Cristo ressuscitado. Para isso, o anúncio da Palavra precisa ressoar no coração e na vida do novo convertido. A catequese é mistagógica porque conduz o neófito a uma progressiva introdução no mistério pascal de Cristo vivido na experiência comunitária.

Assim, é importante que os agentes envolvidos na missão catequética realizem profunda reflexão a fim de suscitar novos paradigmas catequéticos como também propor novas formas de iniciar na fé e catequizar. Os catequistas devem realizar uma catequese a serviço da iniciação à vida cristã que, conforme o documento 107 da CNBB (n. 56), consiste em “um itinerário mistagógico, um desejo que nunca acaba.”

Luis Freitas 

In: Jornal do Maranhão, janeiro de 2019.