Bíblia e Catequese
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17/04/2018 Therezinha Motta Lima da Cruz Bíblia e Catequese A necessidade de ajuda na interpretação da Bíblia
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No livro dos Atos dos Apóstolos 8, 26-39 temos um episódio que faz pensar na necessidade de estarmos preparados para ajudar quem se aproxima hoje das Escrituras a perceber a mensagem de cada texto. Um anjo envia Filipe a uma estrada que liga Jerusalém a Gaza. Nesse caminho ele encontra um etíope, alto funcionário a serviço da rainha da Etiópia,  que estava num meio de transporte lendo um trecho do profeta Isaías. Filipe vai até ele e pergunta: Compreendes o que estás lendo? E o etíope responde com outra pergunta: Como poderia, se ninguém me orienta? O texto falava de alguém que foi levado à morte como uma ovelha no matadouro. O etíope pergunta se o profeta está falando de si mesmo ou se refere a outra pessoa. Filipe aproveita para anunciar Jesus que, através do sofrimento na cruz, se mostra como nosso o Salvador, o maior sinal do Reino e do amor de Deus. O etíope se entusiasmou com a boa nova e foi batizado ali mesmo no meio do caminho.

Nem sempre é fácil ler textos do Antigo Testamento e relacioná-los com pessoas, acontecimentos, mensagens que vieram depois. Mas as pessoas podem ter outras dificuldades na leitura da Bíblia. Será que quem não tem uma certa iniciação no estudo bíblico pode entender o que é mesmo que cada profeta está anunciando? Certos textos bíblicos, em situação de perigo e guerra, podem apresentar a violência como solução. O que fazer diante disso? Sabemos mostrar que os “inimigos” que devemos destruir hoje não são pessoas, mas são as tentações que podem nos levar a um caminho errado?

A catequese é um espaço privilegiado para orientar pessoas que precisam entender adequadamente a Palavra de Deus. Não podemos deixar cada texto “solto” , com o risco de ser mal interpretado e até chocante. Por exemplo: o que alguém pode pensar , diante do episódio em Gn 22, onde Abraão é posto à  prova e acha que deve sacrificar seu filho único como oferta a Deus?  Mas tudo pode ficar diferente se houver alguém para explicar que o que Deus queria era mostrar que não era igual a outros deuses de povos vizinhos que exigiam sacrifícios humanos. Sendo o único Deus, poderia pedir muito mais do que eles, mas no momento final não deixa Abraão sacrificar Isaac porque o sistema de culto que Ele deseja de verdade é diferente. Ou seja, o que Deus queria mesmo era mostrar que não quer que se mate alguém para homenageá-lo. Mas, se não houver explicação, alguém pode ficar embaraçado diante desse texto...

Alguns textos precisam ser cuidadosamente selecionados para quem está dando os primeiros passos no contato com as Escrituras. Há passagens que podem ser problemáticas para crianças e adultos com pouco preparo, outras (quase todas)  necessitam de um conhecimento prévio do estilo literário da Bíblia e do conjunto da história da Salvação. Mas os catequistas precisam estar bem preparados, atentos e disponíveis para fazer como Filipe: ajudar a pessoa a entender de modo mais amplo a mensagem bíblica.

No Evangelho também vemos a necessidade de explicar o que está sendo dito, mesmo com a linguagem mais simples que Jesus usa. São muitos os textos em que Jesus fala alguma coisa e depois sente que precisa explicar aos apóstolos o conteúdo da mensagem. Isso acontece, por exemplo, quando ele tem que responder a João Batista em Mt 11,2-15, quando explica parábolas (como a do semeador, do joio, dos dois filhos e outras), quando reinterpreta citações do Antigo Testamento...

Tudo isso nos mostra duas coisas importantes:

  • Se ser catequista envolve saber explicar o que a Bíblia está dizendo em tantas passagens, a formação bíblica de quem presta serviço na catequese tem que ser permanente, bem feita e sempre aprofundada e ligada à vida.
  • É preciso ouvir os catequizandos porque muitas vezes parece que entenderam o texto mas de fato estão confundindo as coisas; eles devem se sentir à vontade para dizer o que sentem diante do que estão lendo, sabendo que serão compreendidos em vez de serem julgados.

E, como tudo mais que fazemos na vida e na Igreja, precisamos estar em espírito de oração, para que a graça de Deus nos ajude a dizer o que o Espírito Santo quer de fato comunicar.

Como vamos nos preparar para seguir o exemplo de Filipe?  Estamos sabendo fazer uma catequese que vai aos poucos aprofundando a compreensão mensagem, sempre considerando o que cada um sente e entende em cada etapa da sua formação?

Therezinha Motta Lima da Cruz 

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