Iniciação à vida cristã
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03/04/2018 Ariél Philippi Machado Iniciação à vida cristã A inspiração catecumenal da Iniciação à Vida Cristã
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Ariél Philippi Machado
Vasiliy Myazin

 

A Iniciação à Vida Cristã resgatada pelo Concílio Vaticano II busca inspiração nas fontes do cristianismo, ou seja, nas experiências de transmissão e educação da fé das primeiras comunidades. 

O fato: a ressurreição de Jesus.

A experiência: a unidade da fé em comunidade. 

A experiência pascal da ressurreição de Jesus revelou à comunidade o valor de permanecerem unidos (Jo 20,19). Outra experiência, agora pós-pascal, foi a consciência de que Jesus se tornou corporalmente ausente: “Homens da Galileia, por que vocês estão aí parados?” (At 1,11). 

Neste misto de experiências, a comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus dá destaque para os fatos que ficaram na memória, passando a recordar os lugares e os gestos de Jesus de Nazaré. Dizemos, portanto, que a comunidade se dá conta da importância das experiências pré-pascais. E viverá da recordação destes fatos, interpretando-os na força da ressurreição.

Mas, onde fica a inspiração catecumenal da Iniciação à Vida Cristã, em meio a tantos fatos e experiências? 

Conversamos anteriormente que a novidade da Iniciação à Vida Cristã se dá na transmissão da fé ao longo de um caminho, um itinerário. Em vista disso é que se fala em inspiração catecumenal da Iniciação à Vida Cristã, ou seja, a educação da fé que leva em conta as experiências da comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus antes, durante e depois da Páscoa. O que nos revela um percurso de transmissão e educação da fé cristã. 

Na Apresentação do Documento 107 da CNBB temos: “Um itinerário! Um caminho de pertencimento. O movimento de quem está a caminho, que se põe a caminho, que faz o caminho, percorre o caminho de Jesus Cristo. Uma pessoa discípula, aprendiz, seguidora. A pessoa que aprende com o Mestre Jesus”. 

A inspiração catecumenal, portanto, é despertar para a arte de anunciar Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus, com a mesma motivação, sentimentos e testemunho como os cristãos e cristãs faziam nos primeiros séculos. Ainda somos reféns de itinerários lineares, que ensinam doutrinas e preparam tão somente para os sacramentos. 

Na inspiração catecumenal o mais importante é a pessoa de Jesus Cristo. O que salva é a pessoa de Jesus Cristo, e nãos as ideias e teorias acerca dele. “O caminho de formação do seguidor de Jesus lança suas raízes na natureza dinâmica da pessoa e no convite pessoal de Jesus Cristo, que chama os seus pelo nome e estes o seguem porque lhe conhecem a voz” (DAp 277). 

E, por último, a iniciação à vida cristã, que passa pelo itinerário formativo e pela centralidade de Jesus Cristo, é uma metodologia destinada aos adultos. Pessoas adultas são capazes de fazer sua opção de escolha. Em se tratando de fé, a escolha é fundamental para o seguimento, àquilo que dá sentido no caminhar. Em nosso contexto, em que a maioria dos católicos são batizados quando crianças, a inspiração catecumenal é uma resposta à necessidade de completar a formação bíblica e missionária dos batizados. 

A inspiração catecumenal da Iniciação à Vida Cristã é uma proposta de metodologia em tempos de conversão pastoral. E, por ser caminho metodológico, fará surgir um jeito, um modo de ser Igreja-comunidade, que será diferente do nosso jeito de ser Igreja atual. Mas para isso, é preciso investir na inspiração catecumenal por completo, não apenas em partes. Esse é o tema da eclesiologia da Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal, tema de nossa próxima contribuição. Até lá. 

Ariél Philippi Machado

(Teólogo e assessor de catequese na Arquidiocese de Florianópolis-SC)

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