4ª Semana Brasileira de Catequese
            Pelo Brasil             4ª Semana Brasileira de Catequese             A Dimensão celebrativa da Iniciação à Vida Cristã
16/11/2018 Pe. Vanildo de Paiva 4ª Semana Brasileira de Catequese A Dimensão celebrativa da Iniciação à Vida Cristã
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Pe. Vanildo de Paiva

 

 Nós entramos na liturgia, mas na verdade, é ela que entra em nós,

nas fibras do nosso ser crentes,

 plasma o nosso “homem interior” (Ef 3,16), cultiva-o com o cuidado de uma mãe,

nutre-o com a sabedoria  de um mestre. A liturgia nos faz filhos e discípulos:

filhos da Igreja e discípulos do Evangelho.

Boselli [3]

 Introdução

  1. Catequese e liturgia são duas faces do mesmo Mistério! Por caminhos que lhes são próprios, as duas dimensões fundamentais da vida da Igreja concorrem, em íntima e contínua interação, para que um itinerário de Iniciação à Vida Cristã alcance o seu principal objetivo: proporcionar aos iniciandos um verdadeiro encontro com Jesus Cristo, capaz de transformar suas vidas e fazer deles discípulos fiéis do Senhor e missionários a serviço de seu Reino. A catequese de iniciação não poderá jamais reduzir-se a uma aula sobre Deus ou sobre a fé da Igreja. Modelos conteudistas de educação na fé, que tiveram seu lugar e importância no passado, hoje não respondem mais aos novos tempos, com seus novos interlocutores, o que tem exigido da Igreja modos mais criativos e adequados para a evangelização. Urge reinventar processos iniciáticos que levem à experiência de Deus e da sua graça, especialmente por meio de mediações que concretizem os belos discursos da Igreja e os signifiquem nos corpos, nos afetos, nos sentidos e nos corações das mulheres e dos homens dos nossos tempos.
  1. A experiência de Deus quase sempre é mediada por sinais, símbolos, objetos, gestos Foi assim com a tocha de fogo que desceu do céu na aliança de Deus com Abraão (cf. Gn 15, 17); com a visão que Moisés teve da sarça ardendo (cf. Ex 3, 2); com o conforto trazido pelo Senhor a Elias no pão e na brisa (cf. 1Rs 19,7.12); com a ceia, bacia e água para lavar os pés dos discípulos, testemunho do amor e do serviço de Jesus; com a permissão do Ressuscitado para que Tomé lhe tocasse as mãos e o lado (cf. Jo 20, 27); com o pão e o peixe assados servidos por Jesus Cristo aos discípulos cansados da pesca (cf. Jo 21, 13) etc. Perguntar pelo lugar dos sinais e das celebrações na catequese de iniciação se faz mais do que necessário, sob pena de continuarmos com monólogos inócuos que não favorecem a conversão e a adesão das pessoas a Jesus Cristo, maior sinal do Pai, Verbo que se fez concretude para fazer-se entender, e hoje precisa de outras “carnes” para continuar falando e salvando a humanidade, como insiste o papa Francisco: “É preciso ter a coragem de encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra...” (EG, n. 167).

 CELEBRAR O QUE SE CRÊ. CRER O QUE SE CELEBRA. 

  1. A liturgia é epifania da Igreja e o cristianismo é obra sua (cf. BOSELLI, 2016). Celebrar o mistério pascal, eixo de toda celebração litúrgica, é professar a fé cristã em toda a sua amplitude e profundidade. Toda vez que a Igreja se reúne como comunidade orante, firma-se no seu mistério de esposa nascida do lado do novo Adão, sacramento que brota do coração aberto do Cristo na cruz e da força da sua ressurreição (cf. SC 5). Proclamamos o querigma, anúncio fontal e originante da Igreja, ao expressarmos solenemente a centralidade da nossa fé: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. Foi em posse dessa certeza, sob o impulso do Espírito enviado em Pentecostes, que os primeiros discípulos assumiram a missão de anunciar a boa-nova da salvação a todos os povos, missão permanente da Igreja, tão necessária hoje como naquela primeira primavera do Evangelho.
  1. E foi ao redor da mesa eucarística que nasceram os primeiros cristãos. Quando os catecismos ainda não haviam sido escritos, na escuta atenta da Palavra ruminada e anunciada com entusiasmo, e entre Kyrie’s e Aleluias entoados “em espírito e verdade” (Cf. Jo 4, 24) é que foram forjados os novos discípulos de Jesus. Eles beberam na fonte mais genuína do Mistério a Verdade pela qual muitos deram a própria vida. Considerando, com Tertuliano, que o “sangue dos mártires é semente de novos cristãos”, é certo que o testemunho dos(as) mártires também teve um aspecto iniciático para tantos chamados à fé; testemunho de purificação e banho batismal, de profetismo crismal e trituração eucarística de corpos santos como resposta a um mundo pagão que indagava o porquê de tanto amor e fidelidade a Jesus Cristo, filho amado de Deus e redentor da humanidade.
  1. Desde o início do cristianismo, portanto, a liturgia tem revelado sua forte dimensão iniciática. E, por ser anúncio explícito e orante do amor que salva e liberta os homens e as mulheres em todos os tempos, ela pode ser considerada – como o fez o papa Pio XI – “o mais importante organismo do magistério ordinário da Igreja” (citado por BOSELLI, 2014), ou “catequese em ato”, como preferiu o documento Catequese Renovada (cf. n. 89). Não apenas devido ao rico conteúdo do qual ela é depositária e transmissora, mas igualmente pelo modo como ritualiza e insere o catecúmeno – e, depois, o cristão – na experiência de Deus e no aprofundamento da sua fé, a liturgia carrega consigo o papel de iniciadora na fé, já que constantemente a ela acorremos, eternos neófitos que somos, na condição de filhos e filhas que buscam nas mãos da mãe o alimento certo, na hora certa.
  1. A Palavra eterna se fez carne em Jesus Cristo (cf. Jo 1,14), rompendo todas as distâncias possíveis para revelar-nos o mistério amoroso de Deus. Ele “trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano” (GS n. 22). E, desde então, nunca mais se ausentou de nosso convívio, permanecendo “sempre presente à sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas” (SC n. 7). Desse modo, ele continua nos conduzindo ao conhecimento do mistério salvífico na mediação das ações rituais, no “agir” orante que é a liturgia (leitourghía = agir do povo): “Na liturgia, se conhece escutando, se conhece dizendo, se conhece vendo, cheirando, tocando, de modo que os sentidos são o caminho para o sentido” (BOSELLI, 2014,).
  1. Sendo assim, o eco da Palavra viva se faz sentir em toda celebração e no todo de uma celebração; ela é sempre evangelho, isto é, boa notícia. O encontro com a Palavra se dá a todo instante, e não apenas quando as Sagradas Escrituras são proclamadas. Todo o contexto celebrativo está imbuído do sentido das Escrituras, como que uma extensão ou desdobramento das mesmas: orações, antífonas, cantos etc. “A liturgia foi o útero materno das Escrituras cristãs e permanece ainda o seu ambiente vital” (BOSELLI, 2014). Os livros litúrgicos interagem com a Palavra: brotam dela e a ela reconduzem o fiel orante. O Missal, por exemplo, funciona como uma lectio divina organizada pela Igreja durante sua história, que leu a sagrada Palavra, a meditou e fez dela oração (cf. BOSELLI, 2014). Desse modo, a catequese se dá sem a necessidade de exaustivas explicações, mas na sua própria pedagogia, ou melhor, na mistagogia da ação ritual.
  1. Entendemos que a celebração litúrgica tem uma dimensão iniciática também pelo caminho mistagógico que lhe é inerente. Mistagogia quer dizer conduzir ou ser conduzido para dentro do mistério divino. A própria dinâmica intrínseca ao rito litúrgico cumpre essa função, na riqueza de seus símbolos e processos. Há um caminho que conduz do visível ao invisível, do concreto interpretado à luz da Palavra à experiência do que não se vê, mas que se faz presença verdadeira nessas mediações.
  1. Em tempos de sucateamento do simbólico (pressa, virtualização do sagrado) e de grandes exposições do visível (shows litúrgicos!), banaliza-se o processo mistagógico, dando-se visibilidade somente ao sinal (ou à pessoa), em detrimento do Mistério ao qual eles deveriam estar a serviço.  Não era essa a concepção dos Santos Padres, exímios mestres da Iniciação à Vida Cristã dos primeiros séculos. Giraudo sugere que imaginemos a catequese de Santo Ambrósio (sec. IV), por exemplo, falando aos novos cristãos a respeito da eucaristia: “O mestre não se põe no centro da cena, mas do lado: no centro está o altar, já que estamos na igreja. Mistagogo e neófito comportam-se como se tivessem, à maneira dos camaleões, o controle independente dos olhos. Com um olho, ou seja, o olhar material, mestre e discípulo se olham; o mistagogo olha com amor para os neófitos e os neófitos olham com confiança para o mestre. Mas com o outro olho, o olho teológico, mestre e discípulo olham para o altar, que não perdem de vista um só instante. O altar é o verdadeiro mestre.” (GIRAUDO, 2003).
  1. O documento Catequese Renovada traz dois preciosos números que merecem destaque por refletirem a importante interação entre catequese e as celebrações, o que denota claramente sua mútua dependência. No número 89, lê-se: “Não só pela riqueza de seu conteúdo bíblico, mas pela sua natureza de síntese e cume de toda a vida cristã, a Liturgia é fonte inesgotável de Catequese. Nela se encontram a ação santificadora de Deus e a expressão orante da fé da comunidade. As celebrações litúrgicas, com a riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas uma ‘catequese em ato’. Mas, por sua vez, para serem bem compreendidas e participadas, as celebrações litúrgicas ou sacramentais exigem uma catequese de preparação ou iniciação”. E o número posterior acrescenta: “A Liturgia, com sua peculiar organização do tempo (domingos, períodos litúrgicos como Advento, Natal, Quaresma, Páscoa etc.) pode e deve ser ocasião privilegiada de catequese, abrindo novas perspectivas para o crescimento da fé, através das orações, reflexão, imitação dos santos, e descoberta não só intelectual, mas também sensível e estética dos valores e das expressões da vida cristã” (CR n. 90. Grifos nossos).
  1. Em um autêntico itinerário de Iniciação à Vida Cristã - seja com crianças, jovens ou adultos - a celebração é dimensão integrante. É impensável um processo catequético que desconsidere o altíssimo valor do elemento mistagógico, e esse passa necessariamente pela liturgia, à qual coube, desde o início do cristianismo, em plena interação com a catequese, a missão de iniciar na fé (cf. Doc. 107, n. 70). A experiência do encontro com Jesus e o mergulho no seu mistério de vida e de amor precisam do rito, do simbólico, do orante para se darem. Por isso, o documento 107 afirma que “é preciso redescobrir a liturgia como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo” (n. 74, grifo nosso).

A DIMENSÃO CELEBRATIVA DA INICIAÇÃO

  1. Encontro! Nisso se resume todo e qualquer itinerário catequético que se proponha ser iniciático. Deus, para nos revelar seu amor misericordioso, tomou a iniciativa de vir ao nosso encontro. Ele, que de muitos modos falou ao seu povo, na encarnação do Verbo falou-nos de perto, como um amigo conversa com outro amigo (cf. Hb 1,1-2). E a vida toda de Jesus pode se definir como um encontro libertador com todos os tipos de pessoas (cf. Jo 3,1-21; Jo 4,4b-42; Jo 9, 1-41). Não se pode compreender um processo de Iniciação à Vida Cristã que não favoreça, verdadeiramente, encontro e convivência do iniciando com Jesus Cristo e com seus discípulos (os batizados). Por isso mesmo, a mística do encontro (cf. Doc 107, nn. 49; 57)) é aquela que proporciona condições para que os envolvidos no processo se encontrem com Jesus em suas mais variadas mediações, se encontrem com eles mesmos na revisão contínua de vida e autoconhecimento, e também encontrem seus irmãos e irmãs, tanto na comunidade eclesial quanto fora dela.
  1. De modo muito especial, a liturgia evoca, convoca e provoca encontros. Evoca na medida em que crê e proclama ritualmente a presença do próprio Ressuscitado, que quis permanecer entre aqueles que, em seu nome, estivessem reunidos (cf. Mt 18,20); convoca à experiência da unidade e da comunhão para que a celebração seja a expressão do corpo de Cristo que reza como “um só coração e uma só alma” (At 4,32); e provoca encontros por meio da sua própria dinâmica ritual, que exige atitudes que evidenciem um amor verdadeiro como condição sine qua non para que a oração seja agradável a Deus, que não exclua ninguém e que leve a compromissos fraternos. A celebração, desse modo, necessita a comunidade e, ao mesmo tempo, a constrói: “Esta comunidade que, em sua vida cotidiana, é frequentemente atravessada por divisões ou até mesmo dilacerações, é a epifania do corpo de Cristo, no qual cada um é chamado a formar um só corpo, a fim de receber o dom da koinonia, da comunhão como graça” (BOSELLI, 2014).
  1. Entendemos que a Iniciação à Vida Cristã, para além da recepção dos sacramentos (batismo-crisma-eucaristia), e justamente com consequência de sua eficácia na vida, visa a inserir a pessoa no seguimento de Jesus Cristo na condição de discípulo missionário. Trata-se de um processo no qual alguém é conduzido existencialmente “para dentro do mistério amoroso do Pai e (...) inserido na comunidade eclesial, para professar, celebrar, viver e testemunhar a fé em Jesus Cristo, no Espírito Santo” (Doc. 107, n. 61). E, nesse processo, a dimensão orante e celebrativa ocupa um lugar proeminente, enquanto molda o coração e a consciência dos novos cristãos ao lhes proporcionar, continuamente, o seu encontro regenerador com o seu Senhor. Estar com Jesus e com seus discípulos educa para a missão e para o testemunho no cotidiano, lugar comum onde o iniciado viverá sua fé e dará sua adesão prática a um novo estilo de vida, de maneira que possa dizer, com suas atitudes: “já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
  1. Fazer esse percurso no qual a dimensão celebrativa seja considerada como elemento fundamental de gestação e alimento do cristão ao longo da vida exige conversão de todos os envolvidos no processo catequético. Compreender que o iniciando terá a própria ritualidade como sua iniciadora à vida de fé supõe nova mentalidade, além de novas metodologias. Para que não se fique apenas colocando “remendos novos em roupas velhas” (Mt 9,16), a mediação simbólico-ritual precisa ser assumida como meio indispensável para “formar a mente dos fiéis para a oração, a gratidão, a penitência e a reconciliação, o espírito comunitário e o correto sentido da linguagem simbólica” (FARO, 2018), elementos integrantes da vivência da fé cristã e da própria identidade do cristão, que jamais serão assimilados somente por meio do discurso catequético. Catequese de Iniciação à Vida Cristã não se reduz à instrução discursiva. Não é aula! É, antes de tudo, experiência de encontro com Jesus Cristo, nas suas mais diversas mediações, que transforma a vida e compromete a pessoa com o projeto do seu Reino. E, para que isso aconteça, a dimensão celebrativa tem muito a fazer!
  1. Não se trata, obviamente, de tornar complexa uma caminhada que poderá e deverá ser vivida com leveza e encanto. Celebrar na catequese de iniciação implica em facilitar a descoberta e a beleza do encontro com Deus criando “pontes” a serem transitadas com alegria e profundidade, indo do coração e da mente do iniciando ao coração do mistério divino. Partindo sempre da vida e de suas mais genuínas experiências, as celebrações vão conduzindo o iniciando, lentamente, a realidades invisíveis que possam dar sentido à sua vida, provocar seu desejo de conversão e decidida adesão ao discipulado cristão. E, nesse caminho de descoberta, a Palavra de Deus vai elucidando as vivências feitas, esclarecendo os sinais e revelando o projeto salvífico de Deus, a ser acolhido na fé pelo iniciando. A graça divina vai sendo experimentada na singeleza da flor, no brilho da vela, no poder restaurador da água, na proteção do óleo, no amor doado na cruz, no perfume do incenso, no sustento do pão e do vinho, no ajoelhar-se contrito, no levantar-se ressuscitado, no refrão que embala a esperança e sintoniza o amor etc. São elementos que configuram a nossa identidade cristã e conservam a verdade histórica da salvação, sob a forma do simbólico, memória esta que fundamenta e legitima o rito e o livra de tornar-se magia ou mera ilusão.
  1. A insistência da Igreja do Brasil por uma Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal (cf. Doc. 107, nn. 70-104) aponta para um modelo consagrado na história da Igreja, o catecumenato, instituição eclesial dos primeiros séculos, que tinha na liturgia (imposição das mãos, exorcismos, entregas simbólicas, bênçãos, experiência intensa de celebração dos sacramentos da iniciação [batismo-crisma-eucaristia] na sua unidade  ) uma de suas principais dimensões iniciáticas. O saber a respeito de Jesus Cristo e do projeto a ser assumido pelo cristão na comunidade e no mundo não se dava sem o sabor da celebração, que ia marcando cada passo dado pelo iniciando com os sinais da graça de Deus. A mistagogia, aqui entendida como “alma” do processo catecumenal, proporcionava a experiência de Deus no concreto do símbolo e do gesto, da música e do silêncio, iluminados pela Palavra que a tudo esclarece e dá sentido.
  1. O Ritual de Iniciação Cristã de Adultos – RICA – “reformulado após o Concílio Vaticano II, oferece extraordinária riqueza litúrgica e preciosa fonte pastoral” (cf. Apresentação do RICA) para inspirar a catequese de iniciação em nossas comunidades, consagrando a mistagogia como essencial no processo (cf. Doc. 107, n. 122). É certo que as celebrações catequéticas podem e devem extrapolar as previstas pelo RICA. No entanto, ele é a referência litúrgica do processo, tanto pela qualidade dos ritos, quanto pela sua sábia pedagogia. Sob sua inspiração, sem a preocupação de copiá-lo, mas mantendo o “espírito” que lhe é próprio, deve-se propor um caminho que avance por etapas e tempos sucessivos (cf. RICA, n. 6) para que a iniciação tenha um caráter gradativo, vivencial e celebrativo. Ele inclui, além da celebração dos sacramentos do batismo, da crisma e da eucaristia, todas as celebrações que deverão marcar o processo catecumenal desde o rito de entrada dos iniciandos na caminhada de iniciação. Desse modo, “o itinerário catecumenal apresentado pelo RICA desenvolve uma adequada articulação entre a proclamação da Palavra (doutrina), a celebração litúrgica (ritos) e o compromisso de vida (caridade), envolvendo liturgia e catequese,  ambas ligadas ao processo de transmissão e de crescimento da fé, tão próximos um do outro que, de modo algum podem ser considerados como realidades distintas” (PARO, 2018).

CONCLUSÃO

  1. Levamos conosco uma certeza que, ao mesmo tempo, é um desafio. Não nos restam dúvidas de que não haverá autêntica Iniciação à Vida Cristã prescindindo da dimensão celebrativa, já que esta é elemento integrante da própria vida da Igreja. O rito preserva a memória do gesto salvífico de Cristo e o revela, paulatinamente. O documento 107 é enfático ao conceber o processo iniciático como uma “grande celebração, que progride e amadurece através de sucessivas etapas em momentos precisos. Há um marco celebrativo que impregna cada um dos instantes em que o interlocutor avança gradualmente em sua experiência de vida cristã. Os ritos expressam e fortalecem sentimentos e compromissos. Todo esse conjunto de ações simbólicas envolve a pessoa inteira, como indivíduo e como ser social, em seu espírito, em seu corpo, em seus sentimentos, em seu intelecto, em seu ser comunitário” (n. 104. Grifo nosso).
  1. O desafio está na conversão de nossos agentes à dimensão celebrativa, retirando-a do lugar de apêndice, lugar em que infelizmente ela foi colocada por um modelo fortemente escolar de catequese, para considerá-la, de fato, essencial. Se procede a máxima “lex orandi lex credendi” (oramos como cremos e cremos como oramos), faz-se urgente redescobrir a liturgia e as celebrações em geral como fonte prioritária do conhecimento de Jesus Cristo e “componente essencial do ser cristão, para mantê-lo  progressivamente na comunhão com o Senhor e na disponibilidade e generosidade para a missão” (Doc. 107, n. 103. Grifo nosso).

Referência Bibliográfica

BOSELLI, G. O sentido espiritual da liturgia. Brasília: Edições CNBB, 2014.

_________ A liturgia faz o cristão. 2016. Disponível em : http://www.ihu.unisinos.br/552325-por-uma-liturgia-mais-humana-e-hospitaleira

CNBB. Iniciação à Vida Cristã. Documentos da CNBB n. 107. Brasília: Edições CNBB, 2017.

CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM. 11ª edição.  São Paulo: Paulinas, 2015.

PAPA FRANCISCO. A alegria do Evangelho. São Paulo: Paulus e Loyola, 2013.

PARO, T.F. Catequese e liturgia na iniciação cristã. Petrópolis: Vozes, 2018.

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Chatechesis baptismalis V, 20.

 

[1] Texto em construção. Toda observação será bem vinda. Endereço eletrônico: vanildopaiva@hotmail.com

[2] Pe. Vanildo de Paiva é sacerdote e psicólogo da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG e, há muitos anos, assessora a formação de catequistas em todo o Brasil. É autor do livro “Catequese e Liturgia: duas faces do mesmo Mistério” e de outros publicados pela Paulus Editora. Coordena, juntamente com Marlene Silva, a coleção “Viver em Cristo”, recém-lançada pela Paulus Editora, para catequese com adultos de inspiração catecumenal. Contato: fone e WhatsApp  (35)99707-3889.

[3] BOSELLI, G. A liturgia faz o cristão. 2016.

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