Iniciação à vida cristã
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08/10/2018 Ariél Philippi Machado Iniciação à vida cristã A Centralidade da Palavra de Deus (I)
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Ariél Philippi Machado

O que permanece é o Evangelho. 

Usamos esta afirmação para concluir um dos textos anteriores, de tema: “A paróquia e a inspiração catecumenal”. Nele, refletimos sobre a necessidade de restaurar métodos e atitudes que tornem as comunidades cristãs de nossos tempos mais próximas das comunidades da Igreja da primeira hora. 

Estamos distantes daquela comunidade eclesial porque a história nos conduziu na evolução construindo cidades muradas, descobrindo e traçando rotas terrestres e marítimas, desenvolvendo novas técnicas e empilhando enciclopédias, chegando ao fenômeno das redes virtuais, com a desculpa de que isso tudo serviria para aproximar os povos por meio do fenômeno da globalização. 

Neste ínterim, o Evangelho permaneceu visitado com timidez ou mera curiosidade. E por vezes, sendo postergado em função da tentação das forças monetárias, do poder egoísta ou da volição momentânea. 

Contudo, por meio da força que emana do Evangelho, que homens e mulheres de diferentes povos e culturas chegaram a conhecer a dignidade da vida humana. E além disso, contemplar o amor do Criador presente na diversidade de formas e cores do universo.

O que isso tem a ver com a Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal? 

A catequese precisa redescobrir a riqueza de se pautar nas fontes da fé: o amor de Deus revelado em plenitude na vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O Concílio Vaticano II pediu a revisão da catequese por meio da restauração do catecumenato de adultos, enfatizando em seus documentos que a base desta restauração seja o conteúdo de fé revelado nas Escrituras. 

“Deus dispôs amorosamente que permanecesse íntegro e fosse transmitido a todas as gerações tudo quanto tinha revelado para a salvação de todos os povos. Por isso, Cristo Senhor, em quem se consuma toda a Revelação do Deus Altíssimo, mandou aos apóstolos que o Evangelho, objeto da promessa outrora feita pelos profetas que ele veio cumprir, e que promulgou pessoalmente, eles o pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a regra moral, e assim lhes comunicassem os dons divinos” (Dei Verbum 7). 

O que permanece é o conteúdo sempre atual da Ressurreição: este é o Evangelho (Boa Notícia).

Conhecemos dos relatos bíblicos que, na manhã do primeiro dia da semana, Jesus apareceu primeiro às mulheres (Mt 28,9-10; Mc 16,9; Lc 24,4-11.23; Jo 20,13-16). Mulheres eram pessoas sem credibilidade. Por consequência, os homens daquele tempo não acreditaram no Evangelho que elas traziam. Jesus deixa um recado para o encontrarem na cidade onde tudo começou. E de lá, começa tudo de novo, mais uma vez. Mas agora, ressuscitado! 

Daqui brotam as primeiras pistas para a Catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal, que tem por centralidade a Bíblia:

a)é preciso vencer os preconceitos: a vida é dom de Deus, é obra gratuita de Alguém que quer comunicar-se por puro amor, e precisa ser reconhecida em sua dignidade plena, no rosto de todo homem e toda mulher;

b)é hora de dar testemunho: a ressurreição é um fato concreto, é a resposta do Pai ao sofrimento da morte, e precisa ser apresentada aos homens e mulheres de nossos dias como resposta aos seus sofrimentos, angústias e medos;

c)é bom nutrir-se da Palavra de Deus: a promessa de vida do Pai para seus filhos e filhas realiza-se ao longo da história concreta, e para tal, a fé depende da paciência do ato de crer sem ter visto, acreditar sem medo no tempo de Deus, enquanto o mundo prioriza o instantâneo, o descartável e o descrédito (fake news).

A centralidade da Palavra de Deus exige renúncias de modelos pastorais que impunham até pouco tempo, rótulos e certezas colocadas pelos homens. Diante da novidade do Evangelho, homens de antes e de agora precisam captar os sinais da ressurreição e identificar como Deus se comunica na vida do povo de nossos dias. 

Que nosso íntimo acolha e reze aquilo que exorta o papa Francisco: “é bom que nos possam ver como mensageiros alegres de propostas altas, guardiões do bem e da beleza que resplandecem numa vida fiel ao Evangelho” (Evangelii Gaudium 168). 

A fé na ressurreição exige renúncias.

Ariél Philippi Machado

 

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